terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Rua


hoje escrevo sobre a rua
uma que não me destrua
nem me conclua

hoje observo teu movimento distante
e escrevo sobre a rua
não minha...
não tua...

apenas uma rua,
nua
dispersa
obesa
e crua
sobre a rua ...

junto as palavras
prendo as lágrimas
e suspirando em letras,
sobre a rua

não minha, não tua...

sobre a rua...

olho, não observo, fixo e vejo
desprovida
e comprida
tímida e destruída
completa mas não concluída
apedrejada
aprisionada
triste
e nua, a rua ...

levanto-me
e percorro a rua
corro, não fujo
vejo em movimento parado
em tempo fotografado
triste e apenas, a rua ...

não minha, não tua...

talvez conclua
que a calçada já não canta
que a vida já não me espanta

nesta rua...

não minha, não tua ...



foto flickr de gornabanja

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

sincronismo parte 2 take 1000


o mais difícil da vida não é o sincronismo do irreal tempo dos ponteiros,
mas o sincronismo entre o pensamento e o natural relógio
do desenrolar melancólico da película não filmada da historia lentamente contada que tentamos escrever

triste então de quem em pensamentos vorazes não consegue fazer as pazes
com lentamente sagaz rodar das imagens num disforme espelho
no qual tentamos ver a vida que aos ponteiros se apraz.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

dias parados

muitos são os dias em que me levanto e o tempo permanece parado,
como horas do tempo esborratado e um respirar desperdiçado
energia que o universo em mim dispersa e que de forma perversa teimo rejeitar

sao simples dias em que a dormência não se ausenta
e a sua presença num teimoso triste fado
que teima em tango não se transformar

são estúpidas imagens da monotonia de um jornal sem letras
e linhas sem cor
a imagem sem sabor de tom incolor num negro acinzentado
o relógio em movimento parado
um segundo em eternidade esticado
é o dia de um desgraçado que teima em se encontrar ...

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

apesar de até um relógio parado está certo duas vezes por dia
agua parada não move moinhos
viajar ao saber da corrente não é meu intente
a voar com o vento minha alma não me seguiria
e o ciclo do sol não passaria seria mais que apenas um dia

apesar do relógio solar estar sempre certo
e do tempo nesta costa ser inserto
apesar de dias de chuva torrencial e dias de infernal deserto

viverei sempre frenético, pausando o meu tempo
acelerando meu pensamento
e congelando o certo momento




algo que se encontrava guardado e que decido agora publicar

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

peço(-te)




não me dês nomes,
esses já os aprendi
e tua loucura os leva

ousa louco me deixar
tua porta fechar,
sozinho me deixar,
ou em teu corpo te acompanhar...

almeja me ter
minha mente deter
meu pensamento ver
e meu olhar ler...

tenta minhas acções antecipar
pedir licença para me conhecer
pedir desculpa por não me beijar

cumpre promessas devassas
de noites loucas
onde simplesmente tresloucas
e contra tuas paredes me lanças
apenas para que sustenha o respirar
te volte a sentir
de novo te ouse beijar

pede-me pimenta e doçura
carinho em loucura
ternura em paixão

pede que te jogue no chão
que te provoque
que teu ser invoque
pois pela demência do prazer
em ti me quero perder

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

hoje fazes-me escrever


hoje fazes-me escrever
não de cor
nem pela historia
pois essa já é memoria
da vida de outrora
mas pela tinta do pensamento que em mim provocas
parte da minha mente que evocas
pelo que tentas manipular
enquanto sem que te deixe ver
apenas te ouso ler
tento observar
é como a manipulação dissimulada
que á vista desarmada
de minha conversa desinteressada
mas apenas aprofundada
tenta te reencontrar
não para te voltar a possuir
mas para o simples sentir
da presença
de tua amizade desinteressada

falo...


falo seriamente rindo-me

falo como o triste sorridente

Remando contra a corrente

riu numa lágrima
e choro num sorriso ..
não por teimosia
mas pela simples alegria
de pela ousadia de gritar ...

me reinventar

e

enquanto viver
aprender a crescer

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

...desenhos...
dizem que valem mais do que mil palavras
mas quando estas produzem mais do que sentidos,
formas emaranhadas
se tornam pensamentos complexos íntimos e discretos ...
e ainda, nem imagens nem miragens,
apenas sentimento vale mais do que um simples pensamento,
sentimento ate vive no mais simples jumento,
e com o seu alento
levamos a vida ao relento,
movemos mundos e montanhas por formas estranhas de dizer, gosto ...

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Por vezes a necessidade de escrever, é mais forte do que o sentir, talvez seja a vontade de comigo discutir o que penso viver o que sinto querer e o que ouso ouvir...
por vezes penso,
algumas vezes vejo,
outras ate mesmo prevejo...

mas é quando por entre um dia
vivido na multiplicidade da sua simples singularidade
se desprende um pedaço de simples verdade

por entre raios de uma cidade
sons da verdade
de um tango perturbante
qual ritmo melancólico
de perversidade escondida
tal velho acólito
qual alma perdida

por entre esta cidade se vive o insólito
como dourada agua do mal
se solta em espiral palavra inconsequente
e de dormente se torna nada banal

e fugindo das aguas do rio,
me movo,me refugio do frio
esperando que solte arrepio
de mais uma nota sentida
de amaldiçoado tango perdido

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Como o simples facto de admirar, talvez inútil e ingénuo seja e como isso nem por sombras preveja o que o futuro me trará, mas minha sobra de alma almeja um simples desejo de que o futuro que não prevejo seja algo pertença em mim e por fim mas não enfim, feliz

quarta-feira, 28 de julho de 2010

por vezes o prazer impera no simples impulso de despoletar o caos e manipular sua confusão,
é paixão,
é louca e simples emoção
é caça e desgraça,
sabor do poder,
sentir do querer,
ler do saber,
manipulaçao do tempo,
arriscar viver...

apenas um simples apontamento

por vezes a demência da indecência nos ultrapassa,
da inexistência do bom senso surge a desgraça
e da simples falta de respeito,
o despeito nos amordaça

a educação não prospera
e a inteligência fica em espera
a perspicácia se torna escassa
e a menta parca sua mentalidade desgraça

e assim,
vemos não rara vivência da simples incompetência de simplesmente ser,
unicamente ser

sexta-feira, 4 de junho de 2010

não escrevo por decreto
sou qual analfabeto
junto o som ao sentimento disperso

não gero em mim consenso
procuro, crio minha confusão
Talvez mental lento suicídio
talvez amor, gosto perdido
mais tarde sem conta repetido
própria destruição

Umas vezes escrevo com pensamento,
procuro razão
tantas outras liberto negra magia
por preta caneta do coração
sempre perdido, confuso
alegremente triste
e dispersamente conciso

pela ponta fina
agulha da caneta
injecto em papel branco
franca droga
não química
mas mental turbilhão

Assim serei,
à gramática ortográfica
e à lei gráfica não obedecerei
de definições me afastarei
contradições espalharei
a cada momento
a cada intervalo no tempo
no tempo escreverei
na luz gritarei
e no ar me dispersarei

no fim palavras ao vento não atirarei
pois surdo,
até ele rejeitarei ...

sexta-feira, 28 de maio de 2010

A perfeita compreensão da diferença
ressalva a incompetência de a mostrar
mostra a ignorância de não a amar
é apenas o constatar de uma anormalidade ímpar.

frases, fases

maybe I just need to see "Lucy in Sky with Diamonds", just maybe...
"You don't like me in the sky"
"I know I'm sleeping away"
"if you wanna a life, run for your life"

Talvez amanha ...


porque,
...
..
.
Ela cresceu junto ao mar
eu bem no cume de uma estranha montanha
a ela minha voz não alcança!

Eu chamo, berro, grito
por mais que o faça
apenas ouve seu nome no som das ondas...
e a mim, nem por sombras.

Pelo correio escrevo mensagens
nos navios que por ali passam.
Mas ela apenas olha para as ondas
esquecendo o aço que no horizonte contrasta...

Então,
...
..
.
Deixo a segurança do alto
derreto gotas de neve
junto-me ao rio
e tento o mar
alcançar...
Pelo meio luto comigo e com o cansaço
para afinal
minha pequena lasca de madeira
no mar
naufragar...

é minha historia esquecida no fundo desse oceano...

Acordo numa negra praia
olhando uma estranha face,
para mais tarde descobrir
apenas meu reflexo na garrafa
apenas mais um estranho enlace

Todos os dias acordo
tento desta negra areia sair
apenas para tarde sucumbir
ao mestre de mais uma noite...

Todos os dias ouso partir
as duas alcançar...
Praia Branca Haverá,
Talvez Hoje,
Talvez Nunca,
Talvez Amanha!



(algo diferente, não pretendendo propriamente sempre uma homogéneo-igualdade)

quinta-feira, 27 de maio de 2010

o cumulo da confusão é de apenas um pensamento surgir mais do que uma ilusão.
o céu poderá chegar, mas lá não estarei. Pois procurarei meu próprio céu, não esperarei debaixo do sol

Luz na plataforma


Como que pelo comboio
espero na plataforma

com o perfume do segredo
e ao som de tesouras
uma rapariga com falso sorriso

Poderá ela ser médica?
ou o veneno da simples cura
talvez,
quem sabe?
deusa da minha loucura

porventura será nova personagem
ou apenas miragem
de cego no deserto

Demente serei por certo
pois meu pensamento não é certo
e incerto é o ritmo não discreto
de tanta ilusão

Talvez fuja de tal conclusão
pois por pura paixão
turve minha visão
e no lugar de uma luz na plataforma
ponha o coração
Existem coisas que não se vêem...
Existem coisas que não se sentem...
Existem coisas que não se cheiram...
Mas também existem pensamentos que se sentem
e sentimentos que fazem pensar...
Mas mais forte do que isso existem
dois corpos e duas almas que se teimam em tocar...



(mesmo que a racionalidade os teime afastar...)

quarta-feira, 26 de maio de 2010

"ain't got no money, ain't got no style, only words to make you smile"

Areia tua...

Dias em que tudo parece ruir,

Cair e acabar,

São dias em que penso fugir

Talvez me retirar

São dias em que quase

Dispenso de ti

E minha alma de meu corpo se teima em ausentar

São momentos de simples solidão

Que teima em mil e uma formas reencarnar

Mas por estes dias não me escondo

não me retiro

e recuso te ausentar ,

simplesmente na areia me sento

e teimo por tuas ondas esperar….





(nota: transposto do pensamento para o papel durante um concerto...)

sexta-feira, 23 de abril de 2010

como por ventos


como por ventos
a vela arde
o céu desce
e a alma colapsa

como que por sombras
o vento passa
o olhar trespassa
e a alma estremece

o corpo aterra
desiste
e a terra desce...

como que por ventos
todo o ser devassa
uma mordaça
uma amarra lassa
um no apertado
e o esboço desbaratado

o passado estragado
e o presente adormecido
futuro adiado ...
um respirar perdido, um sempre esquecido ...

Ès...

És o quem quero
o que quero tão irreal

Es como o sopro suicida de uma vela,
meu anjo de morte

por magia mascaras meu desnorte
como por simples mudança filosófica
transformas meu ser,
minha sorte

por capricho paras meu coração
qual veneno,
apenas emoção

jamais montanha
mas roleta russa
cabelos belos, apenas medusa

que teu toque me seduza,
e de feitiço em feitiço
branco anjo,
negro demónio
teu ser, seu olhar,
me perfusa...

TLKNHO

desejava te encontrar, mas sem conseguir, percebi que lágrimas me levaram.

Um ser tão belo e tão triste
me deu uma historia
me deu uma canção

tocando esta caneta me fez chorar

me fez corar
me fez rir
me fez adorar...

me fez tocar o céu
e por meus passos ao inferno voltar...

me fez vê-la e admirar
me fez desesperar
por fim, lágrimas derramar ...

apenas sei

apenas sei que o dia nasce e o dia morre...
pelo meio o tempo escorre

apenas sei que o norte ao sul se opõe
e o relógio ao tempo se contrapõe...

sei que pelo meio o ponteiro voltas desenha
caminhos percorre...
tudo vive,
tudo morre...

e assim pelo meio escolho
entre encalhar
ao escolho me segurar
ou viver no apogeu
e ousar
controlar
o dia e o céu...

Quem sou?

o que eu sou?
talvez seja um novo velho
talvez me sinta a desaparecer
talvez sinta as noites a ficarem mais longas
e o dia a desaparecer...
talvez seja o dia, ou minha alma a escurecer...
sinto meu corpo a arrefecer...
sinto me a esmorecer ...
e sem razão aparente nada sinto ... e nada escrevo ...
nada prescrevo e nem a mim mesmo sei ser ...

talvez seja eu ... talvez seja o dia .. a amadurecer ...
amargurar... ou transparecer ...

domingo, 28 de março de 2010

ja olhas-te?


já olhas-te para a noite
quando do céu ecoam sons
quando dos sons não saem palavras
mas musicas emaranhadas
como que melodias entrelaçadas
cartas baralhadas

que como por linhas incompreendidas
tomam sentidos pessoais
de formas anormais
em seres não banais
e em nada usuais
pensamentos
viveres e mutações
de tantas emoções
nunca repetidas
jamais esquecidas
e a cada segundo vividas
nunca interrompidas
e de tal forma entranhadas
que nem são sombras
nem escadas
mas as próprias palavras
de uma forte descrição
da tua personalidade
da tua vida e da tua maldição

ja alguma vez viste um som
ou tentaste escutar com exactidão
aquela imagem que te faz desaparecer
ja por loucura sentiste o sabor do nada
como se de todo se tratasse
como se o viver se emaranhasse
como se teu corpo te abandonasse
tua alma extravasa-se
para o mundo em redor
e por um simples momento
viajasses pelo pensamento
ou pelo forte sentimento
de que és mais do que o ser
mais do que o saber
mais que o existir ... e nada mais do que o sentir
como se tudo fosse um sentimento
como se tudo fosse uma razão
como se a vida não fosse mais do que uma forte e continua emoção
nunca um pura ilusão
mas o mais forte pulsar do teu coração ...

talvez seja viver...
talvez seja só o sentir de o ser ...
quando te sentires estranho,
lembra-te,
todos o somos,

afinal...

caixas fechadas em prateleiras poeirentas
e esqueletos em armários. todos os temos ...

ser estranho é apenas uma maneira diferentes de ser únicos
uma diferente maneira de vivermos.

sábado, 13 de março de 2010

tempo de palavras
palavras do tempo
porque do tempo são palavras
e palavras vivem presas ao tempo

tempo de razão
razão sem tempo
viver sem assas no tempo ...
porque não tenho tempo para o tempo
nem paro qual estaca no chão

palavras do tempo
fala coração
esquece a razão
vive da loucura...
tristeza solidão
de prazer e dor
vive a louca paixão
vive alma com rumo mas sem razão.

quarta-feira, 10 de março de 2010

ausência não é a não presença
não é a descrença
não é o sol que não nasce
nem o céu que se abate
nao é o diferente respirar
nem o diferente olhar
nao é o cantar
nem o chorar
nao é o morrer
nem o matar
nem é o corpo a transpirar

é o custar a respirar
é o mundo não conseguir olhar
é vento não soprar
é o viver neste lugar
sem os pássaros a cantar
sem a chuva a cair
sem o sol a reluzir
é viver sem sentir
e passar o dia a mentir ...
é o coração a comprimir
a a vontade de ver e partir

ausencia é o negar da tua presença,
é o sempre sentir da tua essência
é o grito de minha alma a quebrar ...
é a vontade de te abraçar
é o grito que solto por ti ... para ti ...
por sem ti nem eu sou ...

para uma amiga ...


existem coisas que se partilham ...
existem lugares que se partilham...
e existem sentimentos que se partilham ...

mas amigos partilham coisas que lembram lugares e lugares com sentimento...
o melhor que me das ...
é um livro ...
não um romance nem uma historia ...

mas o livro que escrevemos ...
fugindo desta escoria ...

não me faz viajar nem sonhar
faz-me pensar
faz-me reflectir
me existir ...

faz-me ver e rescrever
faz-me fazer ...

faz-me viver ...
faz-me rir ...

naquele sofá daquele café


por vezes
me sento ...

naquele sofá ...
daquele café ...

e

por entre vidros me vislumbro
contra os espelhos me vidro

por dentro me vejo ...
a mim me corrijo

como em jeito de interjeição me pergunto ...
por meio de questão me interrogo...

por entre as luzes me encontro
nas pingas da chuva adivinho
o que serei sem o ser ...
e o que ser sem saber ...


assim recomeço e começo um novo projecto, um novo arquivo daquilo que a minha alma junta á mente e produz.
como um novo começar sem nunca o passado apagar ou renegar.
um projecto não adulto porque serei sempre uma criança, mas um pouco mais crescido...



o passado em: o cantinho do tiaguito