quarta-feira, 23 de março de 2011

por vezes penso,
algumas vezes vejo,
outras ate mesmo prevejo...

mas é quando por entre um dia
vivido na multiplicidade da sua simples singularidade
se desprende um pedaço de simples verdade

por entre raios de uma cidade
sons da verdade
de um tango perturbante
qual ritmo melancólico
de perversidade escondida
tal velho acólito
qual alma perdida

por entre esta cidade se vive o insólito
como dourada agua do mal
se solta em espiral palavra inconsequente
e de dormente se torna nada banal

e fugindo das aguas do rio,
me movo,refugio do frio
esperando que solte arrepio
de mais uma nota sentida
de amaldiçoado tango perdido

um whisky no momento certo,
transforma até o pensamento mais disperso,
remédio dos poetas
forma de ver o mundo em imagens concretas

mas há dias em que nem a mais erudita das bebidas
faz ver minha vida completa
apenas mais uma imagem borratada
de uma pintura deploravel
apenas mais uma nota desgarrada
de uma melodia não amável

são estúpidos dias
em que nem a mais reles das cachaças
adormece meu sono
são malditos dias em que nem rei sem trono
mendigo descalço procurando um cadafalso onde cair ...

e absurdos dias em que bagaço não me adormenta
e a sangria de minha alma nem meu corpo esquenta ...
são inúteis dias em que com a alma dormindo
meus olhos teimam abrir ...

e a demência da minha eloquência não se ausenta e teima me possuir ...

terça-feira, 1 de março de 2011


Nascemos pequenos e pequenos somos se não crescemos
Crescemos e criamos
Falamos e cantamos
E voltamos a tentar crescer
Olhamos e vemos
Observamos e queremos
Queremos e dizemos
Dizemos e desejamos
Perdemos não amamos
Brincamos e crianças voltamos a ser ….
De novo, voltamos a crescer
A cabeça erguer e braços não baixar
Á corda brincamos, bola jogamos
Tropeçamos
Caímos e crianças voltamos a ser…
Gritamos, esperneamos
Bracejamos, não bocejamos e voltamos a crescer…
Fazemos birra e crianças voltamos a ser …
Criamos um circulo, transformamos em quadrado
Sem régua nem esquadro disforme terá de ser …
Lápis de cera pegamos, pintamos, sujamos, riscamos
Arriscamos e crianças voltamos a ser….
Pegamos num compasso e circulo criamos,
mas rejeitamos,
vemos que a perfeição é imperfeita
e que a vida não foi feita para em círculos caminhar…
descalçamos
o chão sentimos
o sorriso transmitimos
e por fim crianças voltamos a ser ,
mas belas crianças seremos, não porque crescemos, mas porque realmente vivemos com a alegria de criança ser…