domingo, 28 de março de 2010

ja olhas-te?


já olhas-te para a noite
quando do céu ecoam sons
quando dos sons não saem palavras
mas musicas emaranhadas
como que melodias entrelaçadas
cartas baralhadas

que como por linhas incompreendidas
tomam sentidos pessoais
de formas anormais
em seres não banais
e em nada usuais
pensamentos
viveres e mutações
de tantas emoções
nunca repetidas
jamais esquecidas
e a cada segundo vividas
nunca interrompidas
e de tal forma entranhadas
que nem são sombras
nem escadas
mas as próprias palavras
de uma forte descrição
da tua personalidade
da tua vida e da tua maldição

ja alguma vez viste um som
ou tentaste escutar com exactidão
aquela imagem que te faz desaparecer
ja por loucura sentiste o sabor do nada
como se de todo se tratasse
como se o viver se emaranhasse
como se teu corpo te abandonasse
tua alma extravasa-se
para o mundo em redor
e por um simples momento
viajasses pelo pensamento
ou pelo forte sentimento
de que és mais do que o ser
mais do que o saber
mais que o existir ... e nada mais do que o sentir
como se tudo fosse um sentimento
como se tudo fosse uma razão
como se a vida não fosse mais do que uma forte e continua emoção
nunca um pura ilusão
mas o mais forte pulsar do teu coração ...

talvez seja viver...
talvez seja só o sentir de o ser ...
quando te sentires estranho,
lembra-te,
todos o somos,

afinal...

caixas fechadas em prateleiras poeirentas
e esqueletos em armários. todos os temos ...

ser estranho é apenas uma maneira diferentes de ser únicos
uma diferente maneira de vivermos.

sábado, 13 de março de 2010

tempo de palavras
palavras do tempo
porque do tempo são palavras
e palavras vivem presas ao tempo

tempo de razão
razão sem tempo
viver sem assas no tempo ...
porque não tenho tempo para o tempo
nem paro qual estaca no chão

palavras do tempo
fala coração
esquece a razão
vive da loucura...
tristeza solidão
de prazer e dor
vive a louca paixão
vive alma com rumo mas sem razão.

quarta-feira, 10 de março de 2010

ausência não é a não presença
não é a descrença
não é o sol que não nasce
nem o céu que se abate
nao é o diferente respirar
nem o diferente olhar
nao é o cantar
nem o chorar
nao é o morrer
nem o matar
nem é o corpo a transpirar

é o custar a respirar
é o mundo não conseguir olhar
é vento não soprar
é o viver neste lugar
sem os pássaros a cantar
sem a chuva a cair
sem o sol a reluzir
é viver sem sentir
e passar o dia a mentir ...
é o coração a comprimir
a a vontade de ver e partir

ausencia é o negar da tua presença,
é o sempre sentir da tua essência
é o grito de minha alma a quebrar ...
é a vontade de te abraçar
é o grito que solto por ti ... para ti ...
por sem ti nem eu sou ...

para uma amiga ...


existem coisas que se partilham ...
existem lugares que se partilham...
e existem sentimentos que se partilham ...

mas amigos partilham coisas que lembram lugares e lugares com sentimento...
o melhor que me das ...
é um livro ...
não um romance nem uma historia ...

mas o livro que escrevemos ...
fugindo desta escoria ...

não me faz viajar nem sonhar
faz-me pensar
faz-me reflectir
me existir ...

faz-me ver e rescrever
faz-me fazer ...

faz-me viver ...
faz-me rir ...

naquele sofá daquele café


por vezes
me sento ...

naquele sofá ...
daquele café ...

e

por entre vidros me vislumbro
contra os espelhos me vidro

por dentro me vejo ...
a mim me corrijo

como em jeito de interjeição me pergunto ...
por meio de questão me interrogo...

por entre as luzes me encontro
nas pingas da chuva adivinho
o que serei sem o ser ...
e o que ser sem saber ...


assim recomeço e começo um novo projecto, um novo arquivo daquilo que a minha alma junta á mente e produz.
como um novo começar sem nunca o passado apagar ou renegar.
um projecto não adulto porque serei sempre uma criança, mas um pouco mais crescido...



o passado em: o cantinho do tiaguito